O Voo de Tulugaq
Curta-metragem de André Guerreiro Lopes, 2010, 9min.
Ficha Técnica
Direção, Roteiro, Montagem e Fotografia André Guerreiro Lopes
Trilha Sonora Lívio Tragtenberg
Colaboração Artística Djin Sganzerla
Produção Estúdio Lusco-fusco
* Prêmio Rumos Cinema e Video – Itaú Cultural, 2009
* Prêmio de Melhor Filme da Crítica no14º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, Portugal.
* Seleção Oficial: 48º New York Film Festival, EUA / The Box – Wexner Center for the Arts, Ohio, EUA / Festival do Rio / Mostra Internacional de Cinema de São Paulo / Mostra do Audioviusal Paulista / Mostra Arariboia Cine
Trilha Sonora Lívio Tragtenberg
Colaboração Artística Djin Sganzerla
Produção Estúdio Lusco-fusco
* Prêmio Rumos Cinema e Video – Itaú Cultural, 2009
* Prêmio de Melhor Filme da Crítica no14º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, Portugal.
* Seleção Oficial: 48º New York Film Festival, EUA / The Box – Wexner Center for the Arts, Ohio, EUA / Festival do Rio / Mostra Internacional de Cinema de São Paulo / Mostra do Audioviusal Paulista / Mostra Arariboia Cine
Fortuna crítica
“Os pássaros, vistos pelo olhar da câmera de Lopes, são impossíveis de conter. Começam próximos do quadro, mas rapidamente movem-se para longe, tornando-se pontos em um céu vazio. Deslizam através da paisagem com uma indefinível sensação de liberdade (...) Saltando de um lado para outro, para cima e para baixo, tornam-se parceiros deste tango místico. No entanto, um por um, Lopes congela os pássaros no ar. Parando seu vôo à força, são lentamente aproximados, espiando para fora (e para dentro) como dois olhos isolados, duas presenças indiscutivelmente conectadas, nesta maravilhosa “canção dos ventos”. Os corvos não estão mais exatamente voando mas pairando, situados em um espaço distante para o qual a câmera de Lopes não pode ter acesso. Eles incorporam uma figura transcendente, há muito esquecida, sempre flutuando em meio a uma imensidão, inacessível e incompreensível, que pode ser vista e refletida de longe, mas só pode ser experimentada e conhecida por aqueles que participam de seu vôo único."
James Hansen, Out 1 Film Journal - http://www.out1filmjournal.com/2011/02/on-view-andre-guerreiro-lopes-flight-of.html
"Alasca. Mas para dizer a verdade, poderia ser em qualquer lugar. O espaço é hodológico, sem limites. Corvos deslizam, voam, plainam no ar e atravessam esse espaço aéreo. Neste cenário, André Guerreiro Lopes, obtém facilmente um poema visual de beleza extraordinária que causa estarrecimento, um tipo de minimalismo que não somente serve como pano de fundo, mas na verdade invade o filme para emergir poderosamente, fazendo de 'O voo de Tulugaq' (Brasil 2010, 9') um mecanismo para a própria gravação; na verdade, André Guerreiro Lopes parece intencionado a não somente fazer um filme minimalista mas, de preferência, fazer do próprio minimalismo um filme. E consegue, isso é inquestionável, aliás consegue assustadoramente bem, com uma vocação, porém, que torna isso tudo ainda mais sedutor e inacreditável, ou seja, Lopes, na verdade não se limita a registrar os corvos, mas projeta o olhar da câmera sobre o vôo deles: a câmera se encontra tão inerente ao próprio vôo, coordenando os próprios movimentos de acordo com o pairar das aves. Os movimentos da câmera são sinuosos sim, mas não é este o ponto: o ponto é que os movimentos da câmera são os mesmos daqueles dos corvos, portanto a câmera voa, o vôo é o ponto de encontro dela e dos corvos, que nesse aspecto não se distinguem. É algo de inacreditável e importantíssimo o que o leva a fazer cinema de imanência puro. Na verdade, considerando que um sistema se define através de elementos que dele se destinguem mesmo sendo a ele inerente e imanente, o sistema-cinema e o sistema-natureza não encontram mais em O voo de Tulugaq, uma diferenciação explícita, digamos ontológica: são indistintos e a única distinção possível é por meio epistêmico, ou seja, através de um sujeito à ele transcendente que se coloca de modo transcendental com relação a ele. Mas a distinção não se sustenta exatamente, é externa, e também deficitária, já que não explicita nada além dos limites de um sujeito estruturado de modo a não entender essa imanência, este ser a natureza-cinema e o cinema-natureza. O cinema porém, evidencia essa deficiência estrutural, dando dessa forma, a possibilidade ao espectador de pensar - e sobretudo de ver, portanto de perceber, de entrar em contato com a imanência."
Francesco Cazzin, L'Emergere del Possibile - http://emergeredelpossibile.blogspot.com.br/2015/03/the-flight-of-tulugaq-o-voo-de-tulugaq.html
“Como bom enigma, devo conserva-lo. O corvo para os esquimós: a luz nas trevas”, disse o diretor na apresentação de seu curta no cinema Odeon Br. O filme retrata o voo de corvos, no Alasca, formando imagens abstratas. Deixa-se acontecer com câmera lenta, comportado-se como um episódio do National Geografic. Eles voam em dupla ou em grupo. O conceito, inicialmente contemplativo, torna-se genial no final. Absorve-se momentos sem limites a fim de preparar o olhar para o que vem em seguida. É lento, repetitivo, extremamente experimental, mas o término atinge, entre paisagens mortas e vazias, o objetivo que se quer: conduzir o espectador à inteligência da perspicácia da imagem. Muito bom”.
Fabrício Duque, Vertentes do Cinema
James Hansen, Out 1 Film Journal - http://www.out1filmjournal.com/2011/02/on-view-andre-guerreiro-lopes-flight-of.html
"Alasca. Mas para dizer a verdade, poderia ser em qualquer lugar. O espaço é hodológico, sem limites. Corvos deslizam, voam, plainam no ar e atravessam esse espaço aéreo. Neste cenário, André Guerreiro Lopes, obtém facilmente um poema visual de beleza extraordinária que causa estarrecimento, um tipo de minimalismo que não somente serve como pano de fundo, mas na verdade invade o filme para emergir poderosamente, fazendo de 'O voo de Tulugaq' (Brasil 2010, 9') um mecanismo para a própria gravação; na verdade, André Guerreiro Lopes parece intencionado a não somente fazer um filme minimalista mas, de preferência, fazer do próprio minimalismo um filme. E consegue, isso é inquestionável, aliás consegue assustadoramente bem, com uma vocação, porém, que torna isso tudo ainda mais sedutor e inacreditável, ou seja, Lopes, na verdade não se limita a registrar os corvos, mas projeta o olhar da câmera sobre o vôo deles: a câmera se encontra tão inerente ao próprio vôo, coordenando os próprios movimentos de acordo com o pairar das aves. Os movimentos da câmera são sinuosos sim, mas não é este o ponto: o ponto é que os movimentos da câmera são os mesmos daqueles dos corvos, portanto a câmera voa, o vôo é o ponto de encontro dela e dos corvos, que nesse aspecto não se distinguem. É algo de inacreditável e importantíssimo o que o leva a fazer cinema de imanência puro. Na verdade, considerando que um sistema se define através de elementos que dele se destinguem mesmo sendo a ele inerente e imanente, o sistema-cinema e o sistema-natureza não encontram mais em O voo de Tulugaq, uma diferenciação explícita, digamos ontológica: são indistintos e a única distinção possível é por meio epistêmico, ou seja, através de um sujeito à ele transcendente que se coloca de modo transcendental com relação a ele. Mas a distinção não se sustenta exatamente, é externa, e também deficitária, já que não explicita nada além dos limites de um sujeito estruturado de modo a não entender essa imanência, este ser a natureza-cinema e o cinema-natureza. O cinema porém, evidencia essa deficiência estrutural, dando dessa forma, a possibilidade ao espectador de pensar - e sobretudo de ver, portanto de perceber, de entrar em contato com a imanência."
Francesco Cazzin, L'Emergere del Possibile - http://emergeredelpossibile.blogspot.com.br/2015/03/the-flight-of-tulugaq-o-voo-de-tulugaq.html
“Como bom enigma, devo conserva-lo. O corvo para os esquimós: a luz nas trevas”, disse o diretor na apresentação de seu curta no cinema Odeon Br. O filme retrata o voo de corvos, no Alasca, formando imagens abstratas. Deixa-se acontecer com câmera lenta, comportado-se como um episódio do National Geografic. Eles voam em dupla ou em grupo. O conceito, inicialmente contemplativo, torna-se genial no final. Absorve-se momentos sem limites a fim de preparar o olhar para o que vem em seguida. É lento, repetitivo, extremamente experimental, mas o término atinge, entre paisagens mortas e vazias, o objetivo que se quer: conduzir o espectador à inteligência da perspicácia da imagem. Muito bom”.
Fabrício Duque, Vertentes do Cinema